Elasticidades: entenda o que é
- 30 de outubro de 2023
- Postado por: Willian Capriata
- Categoria: Economia
Já vimos que a demanda por uma mercadoria depende do seu preço, bem como da renda do consumidor e dos preços de outras mercadorias. De modo semelhante, a oferta depende do preço, bem como de outras variáveis que afetam os custos de produção. Por exemplo, se o preço do café aumentar, a quantidade demandada cairá e a quantidade ofertada aumentará. Porém, muitas vezes queremos saber quanto vai aumentar ou cair a oferta ou a demanda. Até que ponto a demanda de café poderá ser afetada? Se o preço aumentar 10%, qual deverá ser a variação da demanda? Qual seria essa variação se o nível de renda aumentasse 5%? Utilizamos as elasticidades para responder a perguntas como essas.
A elasticidade mede quanto uma variável pode ser afetada por outra. Mais especificamente, é um número que nos informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável como reação a um aumento de um ponto percentual em outra variável. Por exemplo, a elasticidade preço da demanda mede quanto a quantidade demandada pode ser afetada por modificações no preço. Ela nos informa qual será a variação percentual na quantidade demandada de uma mercadoria após um aumento de 1% no preço de tal mercadoria. Como a relação entre a quantidade demandada e o preço é inversa, a elasticidade de preço da demanda é sempre negativa e representada em valor absoluto.
Às vezes, nos referimos à magnitude da elasticidade preço – ou seja, ao seu valor absoluto. Por exemplo, se Ep = -2, dizemos que a elasticidade é 2 em magnitude. De acordo com a elasticidade-preço, a demanda pode ser classificada como:
- Perfeitamente inelástica |Ed| = 0: uma variação qualquer no preço não resulta em variação da quantidade demandada. Princípio de que os consumidores comprarão uma quantidade fixa de uma mercadoria, independentemente do seu preço.
- Inelástica |Ed| < 1: uma elevação percentual no preço leva a uma queda percentual menos do que proporcional na quantidade demandada;
- Elasticidade unitária |Ed| = 1: um aumento percentual no preço leva a uma variação percentual de igual magnitude na quantidade demandada;
- Elástica |Ed| > 1: elevação percentual no preço leva a uma queda percentual mais que proporcional na quantidade demandada;
- Perfeitamente elástica |Ed| = ∞: mesmo sem qualquer variação no preço, há uma variação constante da quantidade demandada. Parte do princípio de que os consumidores comprarão a quantidade que puderem a determinado preço, mas, para qualquer preço superior, a quantidade demandada cai a zero; da mesma forma, para qualquer preço inferior, a quantidade demandada aumenta sem limite.
Os fatores que influenciam a elasticidade-preço da demanda são:
- Disponibilidade de bens substitutos: quanto maior o número de bens substitutos para um determinado bem, mais elástica é a sua demanda.
- Importância relativa do bem no orçamento: é dada pela proporção de quanto o consumidor gasta no bem, em relação a sua despesa total.
- Tempo decorrido desde a alteração do preço: intervalo de tempo maior permite que os consumidores de determinado bem descubram mais formas de substituí-lo, quando seu preço aumenta.
Exercício: suponha que o preço do leite aumente de R$ 2,00 para R$ 2,20. Qual a elasticidade-preço da demanda do leite se a quantidade demandada de leite é de 85 mil litros por ano quando o preço é R$ 2,20 e de 100 mil litros por ano quando o preço é R$ 2,00?
Resposta: a demanda do leite é elástica, conforme o cálculo da elasticidade-preço da demanda do leite demonstrado a seguir:
Variação % demanda = (85000 – 10000) / 92500 = -0,162162
Variação % preço = (2,20 -2,00) / 2,10 = 0,095238
Elasticidade-preço = -0,162162 / 0,095238 = -1,70 ou |1,70|
Elasticidade de oferta
As elasticidades de oferta são definidas de modo semelhante. A elasticidade preço da oferta corresponde à variação percentual da quantidade ofertada em consequência do aumento de um ponto percentual no preço. Essa elasticidade normalmente é positiva, pois um preço mais alto incentiva os produtores a aumentar a produção.
Podemos também falar em elasticidades de oferta em relação a variáveis como taxas de juros, salários e preços de matérias-primas e outros bens intermediários utilizados para gerar o produto em questão. Por exemplo, para a maior parte dos bens produzidos, as elasticidades de oferta são negativas em relação aos preços das matérias-primas. Um aumento no preço de uma matéria-prima significa custos mais altos para a empresa; assim, se o resto se mantiver constante, a quantidade ofertada vai cair.
De acordo com a elasticidade-preço da oferta, a oferta pode ser classificada como:
- Elástica |Es | > 1
- Inelástica |Es | < 1
- Elasticidade unitária |Es | = 1
- Perfeitamente elástica |Es | = ∞
- Perfeitamente inelástica |Es | = 0
Os fatores determinantes da elasticidade-preço da oferta são:
- Disponibilidade de recursos substitutos: para as matérias-primas utilizadas para produzir o bem.
- Tempo decorrido desde a alteração do preço: intervalo de tempo maior permite que os produtores encontrem formas de ajustar a oferta do bem, que pode ser momentânea, de curto e de longo prazo.
Quando produtores não podem mudar a matéria-prima imediatamente, a curva de oferta momentânea é vertical ou próxima a vertical, e o produto é bastante inelástico. Uvas e laranjas são exemplos de produtos em que a quantidade produzida não pode ser alterada imediatamente em função de alteração no preço.
Por outro lado, bens como a eletricidade possuem quase que uma curva de oferta perfeitamente elástica. Independente da demanda por eletricidade, a quantidade ofertada pode ser alterada sem uma mudança significativa no preço.
A oferta de curto prazo diz respeito ao formato da curva de oferta que segue os ajustes de longo prazo que são realizados no processo de produção.
Por exemplo, de acordo com a alteração no preço do produto, as firmas ajustam a quantidade de trabalhadores alocados para a produção do bem. Eventual aumento ou diminuição no custo da mão-de-obra alterará o formato da curva de oferta e com o passar do tempo, novos ajustes são feitos, em função de inovações tecnológicas e de treinamento de novos trabalhadores, variáveis que contribuirão para alterar o formato da curva de oferta, tornando-a mais elástica de acordo com o período de ajuste.
A oferta de longo prazo se refere ao formato da curva de oferta depois que todas as possibilidades de ajustes da oferta terem sido empregadas.
Pode envolver a construção de novas fábricas ou de sistemas de distribuição e o treinamento de funcionários para operá-las. Tipicamente, a curva de oferta de longo prazo é mais elástica que a curva de oferta de curto prazo que, por sua vez, é mais elástica que a curva de oferta momentânea.