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Taxa de câmbio: o que é e como interpretar essa variável macroeconômica

A análise das perspectivas de uma empresa deve começar com a economia global. Ao estar inserida num contexto internacional, a empresa é afetada pela economia internacional em seus mais diversos níveis. As perspectivas de exportação e importação, a competição de preços em função da concorrência internacional e os ganhos obtidos com os investimentos internacionais são alguns dos exemplos que podemos citar em que a economia internacional afeta o desempenho de uma empresa.

A taxa de câmbio, que é o preço em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira, nos permite calcular a relação de troca, ou seja, o preço relativo entre diferentes moedas. Ela influi diretamente no desempenho das empresas e também das bolsas de valores uma vez que afetam toda a economia.

A taxa de câmbio de uma economia depende de variáveis, como, por exemplo:

  • Aumento nos preços dos produtos (inflação): uma alta da inflação provoca a necessidade de ajustes na taxa de câmbio, para que este passe a refletir o poder de compra real da moeda local. Podemos entender que um aumento na inflação pode gerar uma queda na taxa de câmbio, ou seja, no poder de compra da moeda local em relação às moedas externas;
  • Balança comercial: de forma geral, a relação entre as entradas de recursos externos (exportações) e suas saídas (importações) afeta a taxa de câmbio da economia. Por exemplo, um aumento nas exportações gera um aumento na oferta de moeda externa na economia, produzindo, assim, uma redução no seu preço; como resultado, a taxa de conversão entre as moedas (taxa de câmbio) cairá, refletindo um aumento do poder de compra da moeda local; e
  • Conta de capitais do balanço de pagamentos: outra forma de entrada e saída e moeda externa na economia é por meio dos investimentos estrangeiros que o país recebe. Quando ocorre grande entrada ou saída de capitais em uma economia, há um respectivo aumento na oferta e na demanda de moeda externa e, como consequência, a taxa de câmbio se altera.

Uma queda na taxa de câmbio, ou seja, uma diminuição no poder de compra da moeda local, induz a um aumento nas exportações da economia. Para atender a essa nova demanda, as empresas tendem a produzir mais e a contratar mais mão de obra. Como consequência, as empresas crescem e a economia também.

A taxa de câmbio pode ser expressa em taxa de venda ou taxa de compra. Pensando do ponto de vista do banco (ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central), a taxa de venda é o preço que o banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um importador, por exemplo), enquanto a taxa de compra reflete o preço que o banco aceita pagar pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo).

A taxa de câmbio nominal (E) é o valor em moeda nacional para adquirir uma unidade de moeda estrangeira. Cada país possui uma paridade diferente com cada uma das moedas dos países que possuem comércio.

O câmbio nominal afeta diretamente o preço de um produto nacional em moeda estrangeira ou afeta a rentabilidade das exportações. Por exemplo, a desvalorização reduz o preço dos bens nacionais em moeda estrangeira, aumentando a demanda. De forma análoga as importações.

Outro conceito muito analisado é a taxa de câmbio real (r). É um valor corrigido da taxa de câmbio nominal pelo preço estrangeiro (P*) e o doméstico (P).

r = E . P* / P

O câmbio real mede a paridade em termos de bens dos dois países. Um câmbio real mais valorizado significa que um bem nacional pode adquirir maior quantidade que o similar estrangeiro. A mudança no câmbio nominal pode compensar a inflação doméstica e, assim, manter a paridade do câmbio real. O câmbio real pode ser considerado uma medida de competitividade para um país.

  • Inflação interna > inflação externa = desvalorização cambial;
  • Inflação interna < inflação externa = valorização cambial.

A taxa de câmbio real efetiva é uma medida da taxa de câmbio nominal efetiva corrigida pelo preço doméstico e os preços vigentes em cada país.

Exemplo:

Uma desvalorização da taxa de câmbio nominal não necessariamente significa uma desvalorização da taxa real. Suponha por exemplo que a taxa de câmbio nominal se desvalorize em 10% em dado intervalo de tempo, mas que nesse período o preço interno tenha-se elevado 20% e o externo tenha-se mantido constante. Percebe-se que apesar da desvalorização nominal de 10%, o aumento dos preços internos fez com que a taxa de câmbio real apreciasse, ou seja, o produto nacional ficou relativamente mais caro que o estrangeiro.

A intervenção do BC, via dealers, pode ser feita sobre o estoque de moeda da seguinte forma:

  • Se a taxa de câmbio cai, ficando muito abaixo do nível desejado pelo governo, o que indica que a oferta de moeda estrangeira é maior do que a procura, o BC entra no mercado e compra o excesso de divisas, o que implica gradual elevação de taxa (a intervenção continua até que a taxa retorno ao nível desejado);
  • Se a taxa de câmbio sobe, ficando acima das expectativas oficiais, o que indica que a oferta de moeda é menor do que a procura, o BC lança mão de seus estoques de divisas das reservas internacionais e vende, no mercado, um determinado montante, aumentando assim a oferta de moeda estrangeira e fazendo cair a taxa, voltando ao nível desejado.

Em se tratando de paridade entre as moedas, paridade é a relação de preço que se verifica entre duas moedas estrangerias. Ela é o resultado de uma equação que leva em conta o diferencial de taxas de juros interna e externa, a desvalorização das outras moedas de países com os quais o Brasil mantém relações comerciais e as necessidades de pagamentos por parte do governo brasileiro aos credores.

Com isso, qualquer alteração nas taxas de juros ou nas taxas de câmbio internacionais provoca instabilidade e opiniões divergentes sobre os rumos da economia.

Essa teoria parte da chamada lei do preço único, de acordo com a qual produtos homogêneos devem ter o mesmo custo nos diferentes mercados, quando expressos na mesma moeda. O exemplo geralmente utilizado é o do Big Mac, que é um produto homogêneo, seja em New York, em São Paulo, em Paris, em Tóquio, em Moscou ou onde quer que seja. De acordo com a lei do preço único, o Big Mac deveria ter o mesmo preço em São Paulo e New York, por exemplo, de tal modo que o consumidor brasileiro ou norte-americano fosse indiferente entre comprar em qualquer um dos dois mercados.

Para comparar os preços do mesmo produto nos diferentes mercados, estes devem ser expressos na mesma unidade monetária; no caso, utilizamos o R$. Para fazer a conversão, tomamos o preço em US$ do produto e multiplicamos pela taxa de câmbio entre as duas moedas.

A igualdade entre ambos os preços é garantida pelo funcionamento do mercado. Inexistindo custos de transação, se o preço do mesmo produto for menor no Brasil que nos EUA, todos os consumidores americanos direcionarão sua demanda para o produto brasileiro, de tal modo que a elevação da demanda no mercado nacional tenderia a elevar o preço do produto brasileiro, e a diminuição da demanda nos EUA tenderia a reduzir o respectivo preço, até que os dois se igualassem. Se os preços nos respectivos países refletem as condições de custo, e portanto, de competitividade dos dois países, a taxa de câmbio de acordo com esta lei será determinada de tal forma a igualar o preço dos dois países, quando expressos na mesma moeda, sob as hipóteses de ausência de custos de transação e de barreiras ao comércio internacional, e considerando-se informação perfeita e homogeneidade de bens.

Taxa de câmbio spot e Forward

A taxa de câmbio spot é aquela que mostra a relação entre duas moedas para troca imediata, atual. Já a taxa forward mostra a taxa de câmbio para troca de duas moedas a uma data futura, pré-estabelecida.

Se uma taxa spot está em BRL/USD 2,20 e a taxa forward está em BRL/USD 2,40, dizemos que ela está tradando a um prêmio em relação à spot. Se estivesse mais baixa, diríamos que está tradando a um desconto.

Taxa de câmbio cruzada

A taxa de câmbio cruzada simplesmente mostra a relação entre três moedas. Por exemplo, podemos dizer que BRL/USD = 2,20 e que USD/GBP = 1,40. Para calcular o câmbio entre BRL/GBP, pode-se multiplicar as duas cotações, cancelando USD do numerador com o denominador:

BRL/USD x USD/GBP = 2,20 x 1,40 = 3,08

Para calcular GBP/BRL, basta calcular o recíproco de 3,08 que é: 1 / 3,08 = 0,3247

Regimes cambiais

Existem basicamente três regimes cambiais:

  • Regime com taxa de câmbio fixa: por meio de uma política monetária passiva, o BC se compromete a ofertar moeda estrangeira para ajustar automaticamente um nível que assegure que a taxa de câmbio de equilíbrio se iguale à taxa de câmbio anunciada. Em outras palavras, o BC compra e vende moeda estrangeira de forma a manter a taxa de câmbio no nível anunciado. o Banco Central deve possuir grande quantidade de reservas para atender a uma situação de excesso de demanda por dólar (déficit no balanço de pagamentos por exemplo). E deve adquirir qualquer excesso de oferta de dólares (superávit no balanço de pagamentos).
  • Regime com taxa de câmbio flutuante: a taxa de câmbio flutua livremente em função de mudanças das condições econômicas de oferta e demanda de divisas estrangeiras. Em períodos de grande entrada de recursos externos, a tendência da taxa de câmbio é a valorização e vice-versa. A vantagem desse câmbio é que concede maior grau de liberdade, a desvantagem é a volatilidade.
  • Regime cambial de flutuações sujas (Dirty floating): o BC, mesmo dentro de um regime de câmbio flutuante, intervém no mercado cambial quando a taxa de câmbio se afasta em demasia do valor considerado adequado, o que poderia acarretar sérias instabilidades na economia.

Política cambial

Define-se política cambial como a atuação da autoridade monetária na administração dos ativos em moedas estrangeiras, além do ouro, visando dar estabilidade à paridade da moeda e induzir desempenhos das transações internacionais de acordo com as diretrizes da política econômica.

A política cambial é fortemente associada à política monetária. Por exemplo, se há um forte ingresso de divisas em função do bom desempenho das exportações, crescimento do volume de recursos captados pela emissão de títulos no exterior ou significativo fluxo para aplicações em bolsas de valores, o governo é obrigado a aumentar a dívida pública mobiliária, emitindo títulos para enxugar a moeda que entra em circulação pela troca de dólares por reais.

Com isso, a política monetária enfrenta dificuldades para controlar os juros, dado que o custo do governo aumenta.

Reservas internacionais

Assim como as pessoas ou as empresas necessitam de reservas para atender às suas obrigações financeiras, os países também têm necessidade de manter reservas monetárias para atendimento de seus compromissos internacionais. É o que se denomina “liquidez internacional”.

As reservas monetárias internacionais, também chamadas reservas cambiais ou simplesmente reservas internacionais compreendem moedas livremente conversíveis, bem como o ouro.

Além de permitir aos países financiar déficits temporários em seus balanços de pagamentos, exercem papel importante na defesa da estabilidade de suas taxas cambiais.

As reservas internacionais aumentam quando há um superávit no balanço de pagamentos (BP), ou seja, todas as transações comerciais e financeiras do país com outros países são positivas.

Exemplo:

Suponha que um exportador busque vender um bem no exterior e que, com a venda realizada, tal agente vá receber dólares do comprador estrangeiro. O exportador vende esses dólares e o Banco Central, por sua vez, compra tais dólares, pagando o exportador em reais. Isso significa que as reservas internacionais aumentarão, uma vez que o Banco Central comprou dólares, e o efeito disso consiste na elevação da oferta monetária na economia. O Banco Central injeta reais na economia via pagamento em moeda local ao exportador (expansionista).

Ainda pensando na balança comercial, pensemos na importação. O importador compra um bem no exterior e, para isso, tem que ter dólares em mãos. A importação tem um efeito de reduzir as reservas internacionais, uma vez que o Banco Central venderá os dólares ao importador, enxugando a oferta monetária na economia. O Banco Central retira reais da economia por meio desse pagamento pelo importador em moeda local (contracionista).

O BC classifica nossas reservas de duas maneiras:

  • Reservas de caixa: representadas por haveres prontamente disponíveis;
  • Reservas de liquidez: são as reservas de caixa mais os valores representativos de títulos de exportação e outros haveres de médio e longo prazos.

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