O Banco Central dos Estados Unidos – Federal Reserve (FED) – decidiu por aumentar a taxa dos fed funds em 75 pontos-base, alcançando assim a faixa de 1,50% e 1,75% a.a. Foi sinalizado ainda, a intenção de novas altas nas próximas reuniões, o que corrobora ao Brasil fazer o mesmo. Por aqui, a SELIC subiu para 13,25% a.a. e houve sinalização para novas altas no futuro.

Vamos entender um pouco os motivos por trás dessa alta, e o que muda na economia com juros altos.

Quando uma economia começa caminhar para um cenário inflacionário – que nada mais é do que o aumento generalizado dos preços – há basicamente dois motivos: ou a inflação está relacionada a choques de demanda, que é quando a renda ou os salários reais estão acima dos níveis naturais, ou relacionada a choques de oferta, quando há uma interrupção abruta da produção ou mesmo custos elevados que dificultam a produção (inflação de custos). No caso atual, há um pouco de cada.

Esse choque de oferta é proveniente principalmente do mercado de commodities e bens industriais, e o aumento de salários é proveniente principalmente por conta das políticas monetárias e fiscais expansionistas, realizadas pelo FED e governo americano, respectivamente, durante o período de lockdown imposto pela pandemia.

O aumento de juros busca controlar a inflação proveniente dos choques de demanda, já que com juros altos, o crédito, que é insumo básico do consumo é prejudicado. Com crédito em baixa e consumo em baixa, a expectativa de lucros dos empresários se reduz, traduzindo em queda dos investimentos produtivos em detrimento aos investimentos financeiros e menos mão de obra contratada. Com esses efeitos, a tendência é a de redução dos preços e dos bens e serviços produzidos naquela economia, o Produto Interno Bruto (PIB).

No Brasil, o aumento de juros nos EUA reflete em aumento da taxa de câmbio – desvalorização do real em relação ao dólar – o que prejudica as importações e consequentemente o controle da inflação. É possível controlar inflação com câmbio, buscando uma taxa de equilíbrio do Balanço de Pagamentos que pode ser obtida por meio da equação:

r = r* + expectativa de desvalorização do câmbio nominal + custos de transação + risco país

Onde:

r = taxa de juros interna;

r* = taxa de juros externa.

E é justamente por isso, que quando os EUA sobem juros, o Brasil precisa subir também, para evitar choques inflacionários decorrentes do câmbio.

Com esse cenário, podemos esperar uma economia com elevadas incertezas e apetite baixo para riscos. Arrisco dizer que uma recessão econômica deve ocorrer.

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Willian Capriata

Mestre em economia e Graduado em Economia pela UFMT; certificado em CPA10, CPA20 e CEA; Investidor Qualificado; Membro do grupo de pesquisa Núcleo de Estudos em Economia e Inovação (CNPQ); possui artigo científico publicado em revista de reconhecimento internacional: Brazilian Journal of Political Economy na área de Macroeconomia. Dedica-se a ajudar pessoas a conquistarem uma vaga no Mercado Financeiro e de Capitais.

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